Carregar esse projeto nas costas, tal qual a mulher da trouxa, me revela um novo artista a cada instante. Sem me tocar acabei escolhendo o lado tortuoso da criação, da dificuldade da gestão e da solidão abrupta do ator. Fiz uma escolha sem prever as artimanhas, as ciladas e os tombos. Rezei todos os dias a prece do encontro com essa personagem. Benzi e receitei a mim mesmo contra os males da desistência. Amarrei no destino, um a um, a meta e a missão de se montar esse trabalho. E eis que saio da encruzilhada de caminhos com norte definido: A Arte do encontro. Encontro de pessoas, de amigos, de referências, de mitos, de ritos. Transmutar o corpo e a voz para emprestar o pouco que tenho para essa mulher tão distante e tão envelhecida de mim. Cavei nos buracos e nas entranhas que não tenho os motes essenciais de Benedita. Aprendo todos os dias com ela e continuo criando, inventando e me permitindo ser aquilo quem nem sou. E sou. Benedita sai de mim, parto a fóceps mas com muita, muita vontade de nascer. Se eu ator, tivesse o dom da cura rogaria que tudo fosse exatamente como foi. E é... E será... E tem que ser. Essa é a Benedita, uma mulher-mito, sábia, velha e só. Felicidade não cabe em mim. Deixa ela te falar.
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